O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de morte em Portugal (sendo o país da Europa Ocidental com a taxa de mortalidade mais elevada em casos de AVC, especialmente na população com menos de 65 anos) e a segunda em todo o mundo. Conhecer os sintomas de AVC é a garantia de um tratamento atempado, com menos riscos para a sua vida.
Quanto mais tempo demorar entre o aparecimento dos sintomas e o tratamento, maior a lesão causada no cérebro. Por isso, é essencial identificar os sintomas rapidamente para diagnóstico e tratamento adequados.
29 de outubro é o Dia Mundial do AVC.
O que é um AVC?
O AVC (acidente vascular cerebral) advém da lesão de células cerebrais devido à ausência de oxigénio e de nutrientes, causada pelo bloqueio do fluxo sanguíneo (AVC isquémico) ou por uma hemorragia arterial (AVC hemorrágico).
Cerca de 4/5 dos AVC são isquémicos. Neste caso, as células morrem pouco depois da lesão. No entanto, se o fluxo sanguíneo não ficar completamente interrompido, pode durar ainda algumas horas. Nesse sentido, quanto mais rápido se atuar, mais se consegue minimizar as lesões causadas no cérebro.
Estima-se que uma a cada seis pessoas terá um AVC.
Existe ainda o acidente isquémico transitório (AIT), também conhecido como mini-AVC, com duração inferior a 24 horas, em que o entupimento da artéria cerebral é apenas momentâneo. Apesar de transitório, é muito importante ir ao hospital, pois este pode ser o primeiro sinal de um AVC (uma em cada cinco pessoas com AIT sofrerá um AVC extenso no prazo de três meses).
A cada 6 segundos morre uma pessoa na sequência de um AVC.
Quais os sintomas de um AVC?
Sabendo que o AVC é o entupimento de artérias cerebrais, e tendo em conta que o cérebro é o órgão que controla todas as funções corporais, os sintomas e indícios de AVC vão depender da área afetada.
Como este órgão também controla os processos mentais mais complexos, a pessoa que sofre um AVC pode ver afetados raciocínio, comunicação, pensamento e emoções.
Para saber se está a ter um AVC, ou se alguém que lhe é próximo está a sofrer uma lesão cerebral, a regra dos cinco F’s é um bom indicador.
Face — Assimétrica, com uma pálpebra descaída e boca torta (sorrindo é mais fácil de detetar a assimetria);
Fala — Estranha e de difícil compreensão, lenta e enrolada. O discurso pode não ter nexo e não entender o que os outros lhe dizem;
Força — O braço ou a perna perdem força subitamente (também pode manifestar-se pela falta de equilíbrio);
Forte dor de cabeça — Sem causa aparente, intensa e súbita, diferente das dores de cabeça comuns;
Falta de visão — Ocorre subitamente em um ou em ambos os olhos (pode ocorrer também visão dupla).
Outros sintomas comuns:
Sonolência;
Perda de sensibilidade, não identificando o frio ou calor, por exemplo;
Confusão mental;
Dificuldade em manter-se de pé ou ficar sentado (o corpo tende a cair para um dos lados);
Movimentos descontrolados, como tremores;
Perda de consciência;
Perda de memória;
Náuseas e vómitos.
Os sintomas podem surgir de forma isolada ou combinados. Os tratamentos são grandemente resolutivos, desde que aplicados na primeira hora após o surgimento dos sintomas. Procure ajuda de imediato se sentir algum dos sintomas acima descritos.
Quais os sintomas de AVC feminino?
Além dos sintomas supramencionados, as mulheres podem apresentar alguns sintomas diferentes, devendo estar ainda mais atentas caso sintam algo de diferente no seu corpo.
Assim, a juntar aos sintomas clássicos, as mulheres podem mencionar:
Fraqueza generalizada;
Alucinações, agitação ou desorientação;
Dificuldade para respirar (pode também ter a presença de soluços);
Convulsões;
Perda de consciência;
Desmaio.
Quais os sintomas de um AVC silencioso?
O AVC silencioso, também chamado de microangiopatia, é uma doença vascular progressiva e silenciosa, que afeta o funcionamento do cérebro devido às pequenas lesões neste órgão.
Apresenta sintomas distintos do AVC isquémico e do AVC hemorrágico. Entre os sintomas mais comuns de um AVC silencioso estão:
Perda progressiva de memória (não afeta as funções diárias);
Dificuldade em andar (pode ser incapaz de o fazer também);
Alterações na fala.
Se apresentar sintomas de um AVC, ligue imediatamente para o 112. Será atendido como prioritário nos serviços de urgência.
Causas do AVC
Existem vários fatores de risco para o desenvolvimento de um acidente vascular cerebral, entre eles alguns que não podemos controlar: idade (apesar de mais comum em pessoas idosas, vale notar que 25% dos AVC ocorrem em pessoas jovens), género (mais predominante nos homens) e genética.
Há também fatores que podem ser controlados, entre eles:
Diabetes;
Colesterol elevado;
Obesidade;
Arritmia;
Sedentarismo;
Tabagismo;
Consumo de álcool;
Displasia fibromuscular;
Stress;
Depressão.
Qual o tratamento e quais os cuidados a ter depois de um AVC?
Para tratar e prevenir futuros AVC são utilizados medicamentos anti-hipertensores, anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Combinados, estes três medicamentos melhoram a circulação sanguínea, assegurando um fluxo de sangue mais saudável.
Em alguns casos é necessário recorrer a uma cirurgia para desbloquear a artéria que está entupida.
Realizar fisioterapia e mudar o estilo de vida é essencial para que os pacientes tenham uma boa reabilitação. Ter uma alimentação saudável e equilibrada, praticar exercício físico, diminuir o consumo de álcool (idealmente, abolir a sua ingestão) e deixar de fumar são práticas aconselhadas após um AVC.
Qual o tempo médio de recuperação de AVC?
A recuperação completa de um AVC vai depender muito da extensão das lesões causadas no cérebro, assim como da localização e do tempo decorrido entre a lesão e o tratamento.
Aproximadamente 1/3 dos pacientes recupera significativamente no primeiro mês. No entanto, muitos vão ficar com sequelas para o resto da vida.
É normal dormir muito após AVC?
Muitas pessoas que sofreram um AVC têm uma maior necessidade de sono, embora não aconteça a todos os pacientes. Os sintomas podem melhorar depois de alguns meses, mas também podem persistir.
A fadiga pode surgir nas primeiras semanas após o episódio de AVC, mas é possível aparecer meses depois.
Como prevenir um AVC?
Para prevenir um AVC é essencial evitar todos os fatores de risco. Nesse sentido, deve:
Deixar de fumar (o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, sendo também uma das causas de AVC);
Reduzir ou eliminar o consumo de álcool (o consumo excessivo de álcool, além de aumentar as hipóteses de AVC, triplica a probabilidade de recorrer a licenças médicas, aumenta em oito vezes as hipóteses de internamento e aumenta em cinco vezes o risco de acidentes de trabalho);
Verificar a pressão arterial, níveis de glicemia e de colesterol com regularidade (pressão arterial alta, níveis elevados de glicemia e de colesterol aumentam os riscos de problemas cardiovasculares);
Praticar exercício físico (a prática de atividade física promove o bem-estar, garante qualidade de vida e ajuda a prevenir várias enfermidades, sendo que a obesidade está associada a várias doenças crónicas, como hipertensão, diabetes, cancro e dislipidemia);
Adotar uma dieta saudável (ter uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais, com pouca gordura e sem alimentos processados é essencial para prevenir uma série de doenças).
Tenha uma vida saudável e previna o aparecimento de várias doenças. Faça um check-up médico com regularidade, visitando o seu centro de saúde ou recorrendo a um médico da sua confiança. A sua saúde agradece e vai ter uma maior qualidade de vida na terceira idade.