Quais os sintomas de Alzheimer e como estar alerta?

Quais os sintomas de Alzheimer e como estar alerta?

Sara Paiva
Sara Paiva |  
Apoio domiciliário |  21 setembro 2023 |  
14 min. de leitura
sintomas de Alzheimer

A doença de Alzheimer afeta, na sua grande maioria, pessoas idosas. Em Portugal, esta doença afeta cerca de 5% da população (entre 67 e 90 mil pessoas). Por ser uma doença que prejudica seriamente a qualidade de vida, estabeleceu-se o dia 21 de setembro como o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, com o intuito de dar a conhecer mais sobre esta condição.

Ao contrário do que possa pensar, o Alzheimer não é sinónimo de demência, nem é uma doença “normal” nas pessoas idosas. Esta é uma das formas de demência, a qual afeta o sistema neurológico, geralmente agravada com o avançar da idade (são raros os casos de surgimento de sintomas de Alzheimer em pessoas com menos de 60 anos de idade).

Apesar de não ter cura, existem já medicamentos que controlam o avanço da doença, permitindo que os doentes tenham uma qualidade de vida melhor, durante mais anos.

Por isso, é fundamental estar atento aos sintomas e sinais de Alzheimer e procurar ajuda especializada sempre que houver dúvidas.

O que é a doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência (entre 60 e 70% dos casos), embora não seja a única. Trata-se de uma doença neurodegenerativa que se traduz numa diminuição do número e do tamanho das células do cérebro. Esta redução faz com que as funções cognitivas se deteriorem de forma irreversível.

São várias as funções cognitivas afetadas pelo Alzheimer, sendo algumas das mais comuns:

  • Pensamento

  • Concentração

  • Linguagem

  • Atenção

Não existem causas apontadas para o aparecimento da doença para a maioria dos casos, embora o avançar da idade esteja associado à maior parte deles (pessoas acima dos 65 anos de idade).

Só uma muito pequena percentagem apresenta mutação genética capaz de explicar o desenvolvimento da doença de Alzheimer (conhecida como Alzheimer Familiar).

Assim, o principal fator de risco apresentado para esta doença é a idade, muito embora a possibilidade de desenvolvê-la seja maior em pessoas com familiares próximos com Alzheimer.

A presença de doenças cardiovasculares, como a diabetes, também é apontada como um fator de risco, uma vez que prejudica a circulação sanguínea no cérebro. No entanto, esta está mais associada à demência na sua pluralidade do que ao Alzheimer em particular.

Tipos de Alzheimer

Existem três tipos de Alzheimer: a doença esporádica, a doença de Alzheimer Familiar (DAF) e Alzheimer Precoce. A maior parte dos casos insere-se no primeiro tipo de Alzheimer, não se estabelecendo nenhuma relação com fatores genéticos.

No entanto, existem alguns doentes que apresentam uma mutação genética, herdada de um dos pais, que leva ao desenvolvimento da doença. Estes casos referem-se ao segundo tipo de Alzheimer (familiar/hereditário).

Muito raramente, os pacientes desenvolvem a doença na fase adulta (podem apresentar sintomas já com 30 anos de idade). Estes casos inserem-se no terceiro tipo de Alzheimer.

Quais os sintomas e sinais de Alzheimer?

O principal sintoma da doença de Alzheimer é a alteração da memória. Pessoas que sofrem desta doença apresentam dificuldades com a memória. Além de não se recordarem dos momentos e factos recentes, com o avançar da doença, acabam por se esquecer de pessoas, objetos, normas sociais, entre outros elementos que são essenciais para uma vida com qualidade e em sociedade.

Esta doença também afeta a linguagem, sendo que os pacientes com Alzheimer apresentam sérias dificuldades com vocabulário (mesmo aqueles com excelente formação) e, em dado momento, o conteúdo do discurso fica realmente pobre e, muitas vezes, sem nexo.

Em fases avançadas da doença, os pacientes acabam por ter muitas dificuldades motoras, pois as funções cerebrais estão já muito danificadas. Assim, tornam-se incapazes de se vestir, comer, tomar banho ou pentear, por exemplo.

Na maior parte dos casos, especialmente em fases avançadas, denotam-se alterações neuropsiquiátricas, podendo haver surtos de raiva, conspirações, desenvolvimento de depressão, crises psicóticas e até alterações de personalidade.

Não são raros os casos de familiares de doentes com Alzheimer que dizem que antes eram pessoas muito sociáveis, calmas e amáveis, mas agora se tornaram agressivas. Existem, ainda, casos em que os doentes se tornam passivos, mesmo quando antes eram pessoas dominadoras e ativas.

Outro sinal muito comum de doentes com Alzheimer é a desorientação em locais que, antes, eram muito conhecidos. Não se recordar do caminho de casa (mesmo que esteja muito perto) é normal nestes pacientes. Nesse sentido, é indispensável que estes pacientes sejam acompanhados diariamente, 24 horas por dia.

Fases da doença de Alzheimer

Existem três fases da doença de Alzheimer: inicial, moderada e avançada.

Cada uma das fases envolve sintomas e sinais diferentes da doença, sendo que esta se vai agravando com o tempo.

Fazer o diagnóstico ainda na fase inicial da doença mostra-se essencial para garantir uma melhor qualidade de vida do paciente.

Quais os sintomas iniciais de Alzheimer?

Detetar a doença de Alzheimer o mais cedo possível vai permitir um acompanhamento médico precoce, aumentando a qualidade de vida dos pacientes e dando a possibilidade de atrasar o desenvolvimento da doença.

Assim, é muito importante estar atento aos sintomas iniciais de Alzheimer para que acompanhe os seus familiares ou pacientes da melhor forma.

Geralmente, os primeiros sintomas notam-se na memória e capacidade de raciocínio. Pacientes no início da doença apresentam dificuldades em lembrar-se do que comeram ao almoço, de qual a última festa de aniversário que houve na família, ou das principais notícias do telejornal, por exemplo.

A memória recente é a primeira a ser afetada, daí a serem factos do dia a dia que mais são esquecidos, ou que existe uma maior dificuldade em lembrar.

Regra geral, nesta fase inicial, as memórias de médio e longo prazo estão preservadas. Por isso é comum que estes pacientes falem muito sobre os seus antepassados, ou até que falem sobre o trabalho que tinham como se estivessem a viver esses momentos no tempo presente.

Nesta fase inicial, é também comum que os doentes não reconheçam os sintomas, nem se deem conta das limitações que têm. Estes pacientes costumam dar argumentos e desculpas para os seus comportamentos, negando a doença.

Outro sintoma comum numa fase inicial é a dificuldade em realizar tarefas mais complexas, como fazer a gestão do dinheiro ou pagar as contas da casa.

Ainda é possível que os pacientes demonstrem:

  • Desorientação em ambientes conhecidos, como na casa de familiares ou no supermercado, por exemplo

  • Dificuldade em tomar decisões, como fazer uma lista de compras ou decidir o que fazer para o jantar

  • Repetir várias vezes a mesma pergunta ou dizer diversas vezes a mesma coisa

  • Falta de interesse em atividades do dia a dia

  • Ansiedade

  • Maior demora na realização de tarefas habituais

Quais os sintomas de Alzheimer na fase moderada?

Com o avançar da doença, os sintomas vão-se agravando, sendo mais percetível que algo não está bem. Numa fase inicial, ainda pode haver dúvidas se serão apenas esquecimentos esporádicos, cansaço, ou apenas limitações da idade (independentemente das razões possíveis, deve procurar-se atendimento médico na presença de qualquer um dos sintomas acima apresentados).

Numa fase moderada, os sintomas tornam-se mais reveladores, sendo que os pacientes apresentam:

  • Dificuldades na limpeza da casa e a cozinhar, fazendo uso de utensílios estranhos na limpeza, deixando o fogão ligado, ou comendo alimentos crus, por exemplo

  • Desorientação em espaços íntimos, chegando a perder-se na própria casa, ou ter atitudes estranhas, como urinar no caixote do lixo

  • Dificuldade para ler e escrever

  • Esquecimentos graves, como esquecer de se limpar depois de usar a casa de banho, esquecer de trocar de roupa, entre outros

  • Dificuldade em lembrar-se de palavras e em formular frases com nexo

  • Alucinações e paranoia (geralmente pensam que estão a ser roubados)

  • Alterações do sono (podem apresentar insónias ou troca da rotina de sonos)

  • Dificuldade em controlar impulsos, podendo usar uma linguagem imprópria ou até tirar a roupa em espaços públicos

Quando o doente se encontra nesta fase, ele torna-se dependente de um familiar ou cuidador, pois as tarefas do dia a dia já não lhe são possíveis fazer e poderá colocar a sua própria segurança em causa.

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Quais os sintomas de Alzheimer na fase avançada?

Os sintomas de Alzheimer na fase avançada são tão graves que precisam de atenção e vigilância 24 horas por dia. Assim, o doente apresenta:

  • Esquecimento de familiares, amigos e locais que lhe são familiares

  • Incapacidade de memorizar informação nova e recordar informações antigas

  • Incontinência urinária e fecal

  • Dificuldade em entender o que está a acontecer à sua volta

  • Comportamentos inadequados, como cuspir para o chão

  • Dificuldade na deglutição, podendo engasgar-se com a comida de forma recorrente ou demorar para comer

  • Dificuldade a andar, levantar e sentar

  • Perda de habilidade para movimentos simples com os membros

É fundamental que o doente em fase avançada seja acompanhado, uma vez que a tendência é passar a usar cadeira de rodas ou até ficar acamado. Nestes casos, é importante adaptar a casa à nova condição.

Em alguns casos, pode ainda verificar-se um aumento da sonolência e convulsões.

Como é feito o diagnóstico?

Para que seja feito um diagnóstico de doença de Alzheimer, é necessária uma avaliação clínica por parte de um neurologista ou médico psiquiatra, após a realização de alguns exames físicos, neurológicos e laboratoriais.

É fundamental que o diagnóstico seja feito de forma precoce, não só para haver uma maior probabilidade de travar o avanço da doença, como também para despistar outras doenças que podem ser mais graves e fatais.

Prognósticos

A doença de Alzheimer não tem cura e é progressiva. Cada pessoa desenvolve a doença de uma forma diferente e em tempos distintos. Há pacientes que desenvolvem a doença grave depois de cinco anos do diagnóstico, enquanto outros só desenvolvem 10 anos após o diagnóstico.

No entanto, podemos afirmar que, em média, a sobrevida varia entre três e oito anos em pacientes diagnosticados com Alzheimer.

Vale a pena referir, contudo, que a maior parte dos pacientes com doença de Alzheimer não falece da doença, mas sim de doenças secundárias, como infeções urinárias, complicações advindas de quedas, infeções respiratórias, entre outras.

Qual o tratamento possível e qual deve ser o acompanhamento dado a pacientes com Alzheimer?

Infelizmente, a doença de Alzheimer não tem cura. No entanto, existem medicamentos novos que já nos dão mais algumas perspetivas quanto à qualidade de vida dos pacientes com esta doença, pois a terapêutica recente permite reduzir a velocidade da evolução da doença.

Assim, quando é feito o diagnóstico, o médico pode receitar medicamentos antidemenciais, de forma a travar a progressão da doença e para controlar sintomas neuropsiquiátricos associados a esta doença.

Quando o doente apresenta outros sintomas, como depressão, sintomas psicóticos, alterações do sono, entre outros, o médico prescreve terapêutica sintomática, ajustada às queixas apresentadas.

Sempre que existirem doenças cardiovasculares (ou quando existe um risco elevado de desenvolvimento destas), é fundamental que se leve a cabo um tratamento direcionado, pois a saúde cardiovascular está diretamente associada à saúde neurológica.

Se o diagnóstico é feito ainda numa fase precoce, é favorável que se faça uma reabilitação cognitiva, com exercícios que estimulem a memória, concentração e atenção.

Da mesma forma, a realização de exercício físico mostra-se muito benéfica, não só para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, como também para reduzir o risco de quedas (que podem ser fatais nestes casos).

Pessoas que vivam ou tratem de pessoas com doença de Alzheimer devem ter atenção redobrada, até porque estes pacientes não têm noção das suas próprias limitações.

Nesse sentido, tem de se estabelecer um plano de monitorização, não só para assegurar que o paciente toma todos os remédios (e que não toma em excesso, por achar que ainda não os tomou), mas também para que a sua segurança seja garantida.

Se tem um familiar com sintomas de Alzheimer, não hesite em procurar ajuda médica. O diagnóstico precoce é essencial para garantir uma melhor qualidade de vida.

Sara Paiva
Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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Susana Valente

Susana Valente

Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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