Como treinar a preensão do lápis? Veja ideias de atividades

Susana Valente
Terapias |  01 outubro 2024 |  
9 min. de leitura
Crianças numa sala de aula com menino em primeiro plano a fazer preensão do lápis trípode.

A preensão do lápis é essencial para ter bons resultados na escrita quando as crianças iniciam a sua aprendizagem. É um processo mecânico que permite um melhor controle dos movimentos e, portanto, mais precisão a escrever.

Quando não se consegue manter uma boa preensão do lápis, podem surgir mesmo problemas físicos, como fadiga muscular na mão que se usa para escrever. E, claro, a qualidade da escrita também será afetada, bem como a aprendizagem.

Mas repare que este processo não está relacionado apenas com a forma como seguramos num lápis. Também envolve questões de postura, de força e de tónus muscular que são fundamentais no desenvolvimento das crianças.

Para entendermos melhor a importância deste processo, precisamos de olhar para a sua mecânica e para o que implica.

O que é a preensão do lápis?

A preensão é o ato de agarrar, de segurar ou de apanhar, tal como é descrito no dicionário da língua portuguesa. Portanto, envolve a forma como seguramos, por exemplo, numa colher, como nos vestimos, ou ainda como uma criança mantém um brinquedo na mão.

Quase todos os atos do nosso dia a dia precisam desta força de mão para serem realizados. Quando a mão não tem essa firmeza, até as tarefas mais simples se tornam impossíveis!

Infelizmente, há pessoas que se debatem com dificuldades de preensão todos os dias, e isso envolve todas as faixas etárias.

No caso das crianças, a fase de desenvolvimento determina uma agilidade distinta conforme a idade, o que interfere também na forma como se dá a preensão do lápis.

Tipos de preensão do lápis             

Há vários tipos de preensão do lápis que se vão desenvolvendo à medida que a criança cresce e consegue controlar melhor os seus movimentos. Vamos, de seguida, detalhar apenas os quatro principais…

1. Preensão cilíndrica ou palmar

Esta é a preensão do lápis mais primitiva, digamos, e aparece, habitualmente, entre os 12 meses e os dois anos. A criança só consegue segurar o lápis com toda a mão.

Apesar de tudo, já é reveladora de uma melhoria na capacidade da criança de agarrar e largar objetos. Agarrando no lápis com toda a palma da mão, consegue rabiscar ou imitar traços.

Menina asiática com casaco branco a desenhar com preensão do lápis palmar.

2. Preensão digital com pronação

Surge, normalmente, entre os 2 e os 3 anos de idade, com a criança a fazer a preensão do lápis com os dedos, mas com o pulso virado para baixo.

O movimento deriva, principalmente, do cotovelo e do antebraço, com as mãos e os dedos a mexerem-se como se fossem uma unidade "colada". Nesta altura, a criança já deve conseguir desenhar linhas e círculos.

Menino com camisola laranja a usar pincel com preensão do lápis digital.

3. Preensão com quatro dedos

Neste caso, a criança usa quatro dedos para fazer a preensão do lápis, o que lhe dá maior estabilidade na forma como o utiliza. É uma fase que ocorre, geralmente, por volta dos 3 a 4 anos de idade.

Os quatro dedos costumam ser colocados na haste do lápis, oposta ao polegar. Isto significa que os dedos pouco mexem e que o movimento é executado, sobretudo, com o pulso.

Rapaz de camisola branca e jardineira cinzenta, sentado numa mesa, com menina ao lado e a pintar com preensão do lápis de quatro dedos.

4. Preensão em pinça ou trípode

Esta é a preensão do lápis mais eficiente, surgindo, normalmente, por volta dos 4 a 6 anos de idade. A criança já consegue segurar o lápis em pinça, usando o polegar, o indicador e o dedo médio. É daí que vem o nome de trípode por ter três apoios.

O pulso coloca-se numa posição neutra e são os dedos que, trabalhando em conjunto, conseguem controlar os movimentos do lápis para escrever à mão.

Quando chegam a esta fase do desenvolvimento, as crianças já manipulam objetos entre os dedos e a palma da mão de forma mais fácil.

Mãos de menino sobre um caderno com uma mão a escrever com a preensão do lápis em pinça.

Como saber se a preensão do lápis é disfuncional?

Poderíamos olhar para os tipos de preensão do lápis mencionados, bem como para as respetivas idades, para avaliar se uma criança apresenta, ou não, disfunções neste âmbito, conforme a sua fase de desenvolvimento.

Contudo, cada caso é um caso e, por vezes, as crianças têm os seus próprios ritmos.

Mesmo assim, é possível atentar a alguns aspetos que podem indicar que estamos perante uma preensão do lápis incorreta. Alguns sinais de alerta são os seguintes:

  • Desconforto ou dor no antebraço, ou nos dedos

  • Incapacidade de completar tarefas escritas

  • Cansaço rápido quando realiza atividades de escrita ou desenho

  • Movimento do braço ou da mão desadequado, restrito ou estranho

  • Letra desorganizada e muito carregada

  • Postura incorreta e tensa.

É importante reforçar, porém, que estes sinais não estão apenas ligados a uma preensão do lápis incorreta. Pode haver outros problemas de desenvolvimento associados que é importante avaliar.

Portanto, se tiver dúvidas, o ideal é procurar um terapeuta ocupacional que poderá ajudar a fazer um diagnóstico correto e a traçar um plano de tratamento adequado, caso seja necessário.

Encontre um terapeuta ocupacional aqui

Como melhorar a preensão do lápis?

Há algumas estratégias terapêuticas que são seguidas quando é preciso desenvolver a preensão do lápis e que passam, por exemplo, por refinar a destreza, a força e a coordenação dos dedos.

Contudo, qualquer plano para abordar o problema tem de ser definido considerando cada caso em particular. Assim, o ideal é sempre procurar um especialista, como um terapeuta ocupacional.

Atividades e exercícios

Mas há algumas atividades e exercícios que podem ajudar a melhorar a preensão do lápis e que podem perfeitamente ser realizados em casa. Eis algumas ideias:

  • Manusear plasticina, contas e pinças para fortalecer os músculos das mãos

  • Desenhar e pintar com diferentes tipos de ferramentas para melhorar a coordenação motora

  • Usar lápis pequenos ou pedaços de giz de cera para uma preensão mais precisa

  • Separar grão-de-bico ou feijões para colocar em frascos

  • Molhar uma esponja em água e espremê-la

  • Mudar objetos de um sítio para o outro usando pinças seguradas pelos dedos (e não pela palma da mão)

  • Pressionar lata de spray para pintar com o polegar, o indicador e o dedo médio.

Tenha em consideração que a capacidade de a criança realizar estas atividades dependerá da fase de desenvolvimento em que se encontrar. Para poder executar algumas delas, precisará de adquirir competências no âmbito da coordenação motora e da motricidade fina.

Portanto, seja paciente e não exija demais!

Terapia ocupacional ajuda com a preensão do lápis

A terapia ocupacional é especialmente talhada para lidar com problemas relacionados com a preensão do lápis. Estes terapeutas trabalham, com frequência, com crianças para melhorar as suas habilidades motoras finas que são essenciais para conseguir desempenhar aquele gesto corretamente.

A intervenção destes especialistas faz-se de diferentes formas, tais como:

  • Avaliação das capacidades motoras finas para identificar dificuldades específicas

  • Exercícios e atividades para fortalecer os músculos das mãos e dos dedos

  • Atividades para melhorar a coordenação "olho-mão" (por exemplo, jogos de encaixe e manipulação de pequenos objetos)

  • Orientação e prática contínua para ajudar a criança a desenvolver uma preensão funcional e eficiente.

Os terapeutas ocupacionais também podem recomendar o uso de adaptadores de lápis, ou de outros dispositivos, que ajudem a criança a segurar o lápis corretamente.

Deste modo, fica claro que a terapia ocupacional pode ser determinante para uma preensão do lápis mais correta, ajudando a desenvolver as capacidades da criança.

Contratar terapeuta ocupacional

Mas é importante perceber que treinar a preensão do lápis é um processo gradual que requer paciência e prática. Com as atividades e estratégias certas, as crianças podem desenvolver uma preensão adequada que facilitará a sua aprendizagem e escrita.

Cabe aos pais e educadores terem isso sempre em mente, elogiando e encorajando os esforços da criança, especialmente quando ela consegue uma preensão do lápis correta.

Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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Sara Paiva

Sara Paiva

Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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