A preensão do lápis é essencial para ter bons resultados na escrita quando as crianças iniciam a sua aprendizagem. É um processo mecânico que permite um melhor controle dos movimentos e, portanto, mais precisão a escrever.
Quando não se consegue manter uma boa preensão do lápis, podem surgir mesmo problemas físicos, como fadiga muscular na mão que se usa para escrever. E, claro, a qualidade da escrita também será afetada, bem como a aprendizagem.
Mas repare que este processo não está relacionado apenas com a forma como seguramos num lápis. Também envolve questões de postura, de força e de tónus muscular que são fundamentais no desenvolvimento das crianças.
Para entendermos melhor a importância deste processo, precisamos de olhar para a sua mecânica e para o que implica.
O que é a preensão do lápis?
A preensão é o ato de agarrar, de segurar ou de apanhar, tal como é descrito no dicionário da língua portuguesa. Portanto, envolve a forma como seguramos, por exemplo, numa colher, como nos vestimos, ou ainda como uma criança mantém um brinquedo na mão.
Quase todos os atos do nosso dia a dia precisam desta força de mão para serem realizados. Quando a mão não tem essa firmeza, até as tarefas mais simples se tornam impossíveis!
Infelizmente, há pessoas que se debatem com dificuldades de preensão todos os dias, e isso envolve todas as faixas etárias.
No caso das crianças, a fase de desenvolvimento determina uma agilidade distinta conforme a idade, o que interfere também na forma como se dá a preensão do lápis.
Tipos de preensão do lápis
Há vários tipos de preensão do lápis que se vão desenvolvendo à medida que a criança cresce e consegue controlar melhor os seus movimentos. Vamos, de seguida, detalhar apenas os quatro principais…
1. Preensão cilíndrica ou palmar
Esta é a preensão do lápis mais primitiva, digamos, e aparece, habitualmente, entre os 12 meses e os dois anos. A criança só consegue segurar o lápis com toda a mão.
Apesar de tudo, já é reveladora de uma melhoria na capacidade da criança de agarrar e largar objetos. Agarrando no lápis com toda a palma da mão, consegue rabiscar ou imitar traços.
2. Preensão digital com pronação
Surge, normalmente, entre os 2 e os 3 anos de idade, com a criança a fazer a preensão do lápis com os dedos, mas com o pulso virado para baixo.
O movimento deriva, principalmente, do cotovelo e do antebraço, com as mãos e os dedos a mexerem-se como se fossem uma unidade "colada". Nesta altura, a criança já deve conseguir desenhar linhas e círculos.
3. Preensão com quatro dedos
Neste caso, a criança usa quatro dedos para fazer a preensão do lápis, o que lhe dá maior estabilidade na forma como o utiliza. É uma fase que ocorre, geralmente, por volta dos 3 a 4 anos de idade.
Os quatro dedos costumam ser colocados na haste do lápis, oposta ao polegar. Isto significa que os dedos pouco mexem e que o movimento é executado, sobretudo, com o pulso.
4. Preensão em pinça ou trípode
Esta é a preensão do lápis mais eficiente, surgindo, normalmente, por volta dos 4 a 6 anos de idade. A criança já consegue segurar o lápis em pinça, usando o polegar, o indicador e o dedo médio. É daí que vem o nome de trípode por ter três apoios.
O pulso coloca-se numa posição neutra e são os dedos que, trabalhando em conjunto, conseguem controlar os movimentos do lápis para escrever à mão.
Quando chegam a esta fase do desenvolvimento, as crianças já manipulam objetos entre os dedos e a palma da mão de forma mais fácil.
Como saber se a preensão do lápis é disfuncional?
Poderíamos olhar para os tipos de preensão do lápis mencionados, bem como para as respetivas idades, para avaliar se uma criança apresenta, ou não, disfunções neste âmbito, conforme a sua fase de desenvolvimento.
Contudo, cada caso é um caso e, por vezes, as crianças têm os seus próprios ritmos.
Mesmo assim, é possível atentar a alguns aspetos que podem indicar que estamos perante uma preensão do lápis incorreta. Alguns sinais de alerta são os seguintes:
Desconforto ou dor no antebraço, ou nos dedos
Incapacidade de completar tarefas escritas
Cansaço rápido quando realiza atividades de escrita ou desenho
Movimento do braço ou da mão desadequado, restrito ou estranho
Letra desorganizada e muito carregada
Postura incorreta e tensa.
É importante reforçar, porém, que estes sinais não estão apenas ligados a uma preensão do lápis incorreta. Pode haver outros problemas de desenvolvimento associados que é importante avaliar.
Portanto, se tiver dúvidas, o ideal é procurar um terapeuta ocupacional que poderá ajudar a fazer um diagnóstico correto e a traçar um plano de tratamento adequado, caso seja necessário.
Encontre um terapeuta ocupacional aqui
Como melhorar a preensão do lápis?
Há algumas estratégias terapêuticas que são seguidas quando é preciso desenvolver a preensão do lápis e que passam, por exemplo, por refinar a destreza, a força e a coordenação dos dedos.
Contudo, qualquer plano para abordar o problema tem de ser definido considerando cada caso em particular. Assim, o ideal é sempre procurar um especialista, como um terapeuta ocupacional.
Atividades e exercícios
Mas há algumas atividades e exercícios que podem ajudar a melhorar a preensão do lápis e que podem perfeitamente ser realizados em casa. Eis algumas ideias:
Manusear plasticina, contas e pinças para fortalecer os músculos das mãos
Desenhar e pintar com diferentes tipos de ferramentas para melhorar a coordenação motora
Usar lápis pequenos ou pedaços de giz de cera para uma preensão mais precisa
Separar grão-de-bico ou feijões para colocar em frascos
Molhar uma esponja em água e espremê-la
Mudar objetos de um sítio para o outro usando pinças seguradas pelos dedos (e não pela palma da mão)
Pressionar lata de spray para pintar com o polegar, o indicador e o dedo médio.
Tenha em consideração que a capacidade de a criança realizar estas atividades dependerá da fase de desenvolvimento em que se encontrar. Para poder executar algumas delas, precisará de adquirir competências no âmbito da coordenação motora e da motricidade fina.
Portanto, seja paciente e não exija demais!
Terapia ocupacional ajuda com a preensão do lápis
A terapia ocupacional é especialmente talhada para lidar com problemas relacionados com a preensão do lápis. Estes terapeutas trabalham, com frequência, com crianças para melhorar as suas habilidades motoras finas que são essenciais para conseguir desempenhar aquele gesto corretamente.
A intervenção destes especialistas faz-se de diferentes formas, tais como:
Avaliação das capacidades motoras finas para identificar dificuldades específicas
Exercícios e atividades para fortalecer os músculos das mãos e dos dedos
Atividades para melhorar a coordenação "olho-mão" (por exemplo, jogos de encaixe e manipulação de pequenos objetos)
Orientação e prática contínua para ajudar a criança a desenvolver uma preensão funcional e eficiente.
Os terapeutas ocupacionais também podem recomendar o uso de adaptadores de lápis, ou de outros dispositivos, que ajudem a criança a segurar o lápis corretamente.
Deste modo, fica claro que a terapia ocupacional pode ser determinante para uma preensão do lápis mais correta, ajudando a desenvolver as capacidades da criança.
Contratar terapeuta ocupacional
Mas é importante perceber que treinar a preensão do lápis é um processo gradual que requer paciência e prática. Com as atividades e estratégias certas, as crianças podem desenvolver uma preensão adequada que facilitará a sua aprendizagem e escrita.
Cabe aos pais e educadores terem isso sempre em mente, elogiando e encorajando os esforços da criança, especialmente quando ela consegue uma preensão do lápis correta.