Entenda o que é a mitomania, quais os sintomas e tratamento

Entenda o que é a mitomania, quais os sintomas e tratamento

Susana Valente
Terapias |  01 abril 2025 |  
9 min. de leitura
Dois bonecos de madeira com o formato do nariz como o Pinóquio a simbolizar o significado de mitomania.

O dia 1 de abril é conhecido por ser o Dia das Mentiras. E quem nunca mentiu, pelo menos, uma vez na vida? Habitualmente, as mentiras são inofensivas, mas a mitomania é um problema que pode ter consequências graves.

Há pessoas para quem mentir se torna numa espécie de vício, ou numa forma de estar na vida. Isso leva-as a terem uma tendência impulsiva para mentirem. É nestes casos que falamos de mitomania.

Mentir de vez em quando não é necessariamente problemático, a não ser que haja verdades graves escondidas. De resto, a mentira na infância é algo bastante comum, passando, muitas vezes, por omissões inocentes ou fantasias próprias da idade.

Mas quando as pessoas mentem compulsivamente, sem conseguirem deixar de o fazer, já é um problema que é preciso tratar.

Contudo, antes disso, é preciso entender do que se trata.

O que é mitomania?

A mitomania é uma condição psicológica em que a pessoa sente uma compulsão para mentir, mesmo sem ter uma razão aparente para isso, nem ter um benefício direto com essa atitude.

Trata-se de uma tendência para mentir de forma patológica que pode ser motivada por uma necessidade de atenção e/ou de reconhecimento. Em alguns casos, pode estar associada a um desejo de manipulação.

Independentemente das causas e motivações, a mitomania pode causar impactos negativos graves nos relacionamentos familiares e sociais, uma vez que a perda de confiança pode ser devastadora.

Mas até pode provocar problemas legais em determinadas situações.

De onde vem o significado de mitomania

A palavra mitomania tem raízes etimológicas no grego e no latim, resultando da combinação de duas palavras distintas.

Assim, junta o grego mýthos (μῦθος), que significa mito ou história, com o latim mania, que significa loucura ou obsessão.

Deste modo, o termo refere-se a uma obsessão, ou tendência compulsiva, para inventar histórias ou mentiras.

Quais as causas?

A mitomania pode ter várias causas associadas, sendo que muitas delas estão relacionadas com fatores psicológicos, emocionais e sociais. Em variados casos, a condição está ligada a uma combinação de circunstâncias.

Algumas das principais causas identificadas são as seguintes:

  • Transtornos psicológicos: condições como os transtornos de personalidade borderline, de personalidade antissocial ou narcisista, onde a mentira é usada para manipular, chamar a atenção ou criar uma imagem idealizada.

  • Traços de personalidade: há pessoas que têm características pessoais que as tornam mais propensas a mentir compulsivamente, tais como a impulsividade.

  • Experiências traumáticas: vivências traumatizantes, especialmente na infância, podem levar ao desenvolvimento de mitomania como forma de lidar com a dor emocional.

  • Problemas nas relações familiares: famílias disfuncionais, com falta de apoio emocional ou conflitos constantes, podem contribuir para o aparecimento da condição.

  • Necessidade de aceitação: há quem minta de forma compulsiva para se sentir aceite em grupos sociais ou para conquistar a admiração dos outros.

É importante realçar que as causas da mitomania podem variar de pessoa para pessoa e até podem estar associadas a outras razões que não as citadas.

Por isso mesmo, é fundamental procurar a ajuda de profissionais de Psicologia para avaliar devidamente a situação e encontrar as melhores respostas para ultrapassar os obstáculos que surjam no caminho.

É uma doença?

É verdade que a mitomania pode ser considerada uma doença. Contudo, nem todos os mitómanos (o termo usado para referir quem sofre desta condição) serão doentes.

Há quem minta de forma compulsiva apenas por hábito, ou por uma necessidade de aceitação.

Para que falemos da condição como uma patologia é preciso que esta esteja associada a transtornos psicológicos mais complexos, como os já referidos transtornos de personalidade, ou a experiências traumáticas.

Mas podemos concluir que a mitomania é uma doença quando interfere de forma significativa na vida da pessoa e nas suas relações sociais e familiares. Nestes casos, é uma questão de saúde mental.

Saiba mais: Psicologia do desenvolvimento: o que é e quais as suas fases?

Pessoas que acreditam nas próprias mentiras

Há pessoas que acreditam nas próprias mentiras, o que já envolve um tipo extremo de mitomania que é conhecido como "pseudologia fantástica".

Nestes casos, as pessoas distorcem a realidade criando histórias nas quais passam a acreditar.

É algo que funciona de forma inconsciente e que está, muitas vezes, associado a transtornos psicológicos de personalidade narcisista e de personalidade borderline.

As mentiras compulsivas podem, então, ser utilizadas como "armas" contra o medo da rejeição ou do abandono. Acreditar nas próprias mentiras funciona como um colete protetor que reforça a sensação de segurança.

Portanto, as pessoas que acreditam nas próprias mentiras usam-nas como uma defesa psicológica, para escapar a traumas ou a verdades desconfortáveis.

Como é evidente, este tipo de comportamento pode resultar em consequências graves, nomeadamente na relação com os outros, levando ao isolamento social e a conflitos intensos.

Estas situações requerem, quase sempre, ajuda profissional de psicólogos para ultrapassar o problema.

Infografia sobre o que é mitomania, sinais de alerta e como tratar.

Sintomas de mitomania 

A grande questão, para algumas pessoas, é saber como se pode identificar um mitómano. As pessoas não andam propriamente com o rótulo na testa.

É importante dizer que não existe um guião nesse sentido, mas há sintomas de mitomania que podem ser sinalizados num primeiro momento. Depois é preciso que haja uma confirmação oficial de um profissional de saúde qualificado.

Os principais sintomas de mitomania são os seguintes:

  • Mentir frequentemente e de forma compulsiva, mesmo sem motivos claros, ou sem vantagens diretas;

  • Mentiras inconsistentes ou facilmente desmascaradas;

  • Dificuldade em admitir a verdade, mesmo diante de evidências claras;

  • Relações pessoais afetadas pelas mentiras devido à falta de confiança;

  • Necessidade de atenção ou reconhecimento;

  • Repercussões emocionais ou psicológicas, com a pessoa a sentir-se ansiosa, culpada ou a sofrer um conflito interno devido às mentiras.

Leia ainda: Terapia EMDR: o que é, para que serve e como funciona?

Há tratamento para a mitomania?

O tratamento para a mitomania envolve, habitualmente, uma abordagem multidisciplinar, com a combinação de várias respostas.

A psicoterapia, nomeadamente a terapia cognitivo-comportamental, é um pilar fundamental para tratar esta condição, ajudando a pessoa a identificar e a modificar padrões de comportamento disfuncionais.

A terapia psicodinâmica é outra abordagem psicoterapêutica interessante, permitindo à pessoa resolver conflitos emocionais e padrões inconscientes de comportamento que podem causar-lhe sofrimento, ou dificultar-lhe a vida.

Mas, nas situações mais graves, pode ser necessário recorrer a medicação para "curar" a mitomania. Isto ocorre, normalmente, quando a condição está associada a outros transtornos.

Independentemente destas alternativas, a família e os amigos desempenham um papel essencial no tratamento dos mitómanos. Este apoio social permite criar um ambiente de confiança que incentiva comportamentos verdadeiros.

Algumas pessoas também podem beneficiar com a participação em grupos de apoio, onde podem compartilhar experiências e aprender a ultrapassar obstáculos ao lado de quem enfrenta desafios semelhantes.

É importante salientar que o sucesso do tratamento depende sempre do reconhecimento do problema por parte da pessoa, e do acompanhamento feito por terapeutas qualificados.

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Mitomania pode ter consequências graves

A tendência para a mitomania pode ter um impacto profundo e muito negativo na vida de quem não consegue ultrapassar o problema.

A perda de confiança dos mais próximos é uma das consequências mais imediatas. Quando nos habituamos a ver alguém sempre a mentir, deixamos de acreditar nessa pessoa, o que interfere de forma decisiva na relação que mantemos com ela.

Mas mentir também pode causar danos emocionais, como mágoa, deceção e insegurança, sobretudo no círculo mais próximo dos mitómanos, designadamente os amigos, parceiros e familiares.

As mentiras podem igualmente levar a discussões e desentendimentos frequentes, o que aumentará a tensão nos relacionamentos.

Com tudo isto junto, os mitómanos acabam por mergulhar, gradualmente, no isolamento social, acabando excluídos pelos outros.

Se está a sofrer com um caso de mitomania e não sabe o que fazer para lidar com isso, procure ajuda profissional. Não descuide a sua saúde mental.

Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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