Leishmaniose canina: o que é e como detetar? | Toma Conta

O que é a leishmaniose canina e como detetar?

Susana Valente
Pet sitting |  23 setembro 2022 |  
15 min. de leitura
leishmaniose canina

A leishmaniose canina é uma das mais sérias doenças de cão. Mas também pode ser transmitida aos humanos. Descubra tudo o que precisa de saber sobre sintomas, tratamentos e como a detetar...

Até há bem pouco tempo, a leishmaniose canina era uma sentença de morte. A descoberta da doença em cães obrigava a que fossem abatidos, pois era preciso impedir a cadeia de transmissão.

Felizmente, a medicina veterinária evoluiu e já existem tratamentos eficazes para esta doença que afeta cães, mas que também pode ser transmitida aos humanos.

Aproveite para ler este guia completo com tudo o que precisa de saber sobre a leishmaniose canina.

O que é a leishmaniose canina?

A leishmaniose canina é uma infeção parasitária que pode começar com sintomas ligeiros. Mas, nos casos mais graves, pode evoluir para doença renal crónica e até levar à morte.

É uma doença que não tem cura e que atinge, sobretudo, os cães. Contudo, trata-se de uma zoonose, o que significa que pode ser transmitida também aos humanos.

É provocada por um parasita chamado "Leishmania infantum" que, quando entra no organismo do cão, ataca o seu sistema imunitário.

Quando não é tratada, pode progredir e atingir órgãos essenciais, como, por exemplo, a medula óssea, os rins e o fígado.

Tipos de leishmaniose

Existem três tipos de leishmaniose:

  • Cutânea
  • Visceral
  • Tegumentar.

A forma como a doença se manifesta depende de que parasita, ou protozoário, é responsável pela infeção.

Contudo, é preciso sublinhar que a leishmaniose canina visceral é a mais frequente em cães enquanto que a cutânea não afeta de forma significativa estes animais.

A versão visceral é também conhecida como calazar no Brasil.

Já a leishmaniose tegumentar é bastante rara em cães, apresentando uma variante chamada de "mucocutânea".

Leishmaniose canina: sintomas

No início da infeção, muitos cães apresentam-se assintomáticos, isto é, sem quaisquer sintomas. Isso acontece porque há uma fase de incubação que pode ir dos três meses aos seis anos.

A incubação é o período que vai deste o momento do contacto com o parasita que causa a leishmaniose canina até à manifestação dos primeiros sintomas.

Mas veja que alguns cães ficam com o parasita alojado durante anos e só quando ficam mais velhos é que a doença se manifesta.

Em outros casos, o aparecimento de sintomas da leishmaniose canina pode ser acelerado pelo stress.

Após o início da doença propriamente dita, alguns dos sintomas mais comuns que atingem os animais infetados são:

  • Perda de peso
  • Lesões na pele, sobretudo na face e nas orelhas
  • Crescimento anormal das unhas
  • Perda de apetite
  • Febre.

Contudo, é preciso entender que a doença tem sintomas diversos conforme os casos, uma vez que pode afetar vários órgãos ou partes do organismo. Assim, pode apresentar também outros sintomas, tais como:

  • Prostração (com o cão demasiado quieto e abatido)
  • Aumento dos gânglios linfáticos e do baço
  • Descamação da pele
  • Lesões do nariz
  • Hemorragia nasal.

Na fase mais grave da leishmaniose canina podem surgir ainda complicações renais, bem como problemas oculares, neurológicos, locomotores e/ou digestivos.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da leishmaniose canina não pode ser feito apenas com base numa análise superficial aos sintomas apontados. Estes sinais são apenas um indicador de que precisa de procurar ajuda médica para o seu cão.

Assim, a melhor forma de diagnosticar a doença é indo a um veterinário. Além de uma avaliação clínica do caso, este profissional de saúde também deverá pedir exames médicos específicos para tentar chegar à causa do problema.

Os exames de sangue de sorologia, bem como os PCR e de reação de imunofluorescência indireta (RIFI) são, habitualmente, realizados. Mas também se pode fazer a análise a eventuais lesões que o cão tenha na pele através da recolha de um fragmento para identificar o parasita.

Leishmaniose canina: tratamento

Ainda não existe uma cura para a leishmaniose canina. Quando se apanha a doença, é para toda a vida. Mas, felizmente, estamos longe dos tempos em que todos os animais infetados com a doença eram abatidos.

Atualmente, existem tratamentos eficazes, mas os medicamentos existentes não eliminam o parasita de vez. Apenas ajudam a controlar os sintomas.

Estes tratamentos ajudam a reduzir a carga do parasita e impedem também a progressão da doença. Além disso, o cão infetado deixa de transmitir a leishmaniose canina.

Além de tudo isso, estes medicamentos são essenciais para manter a qualidade de vida dos cães.

A avaliação clínica da fase em que a doença se encontra é essencial para definir o tratamento mais adequado. Em alguns casos, pode ser necessário combinar vários medicamentos para recolher resultados.

É preciso ainda entender que as recidivas são frequentes no caso da leishmaniose canina. Portanto, um cão infetado precisará de acompanhamento regular ao longo da sua vida, com idas permanentes ao veterinário.

Como é transmitida a leishmaniose canina?

A leishmaniose é transmitida por via da picada de um inseto conhecido por flebótomo. Tem entre 2 e 4 milímetros - portanto, é muito pequeno! -, voa e é peludo.

A transmissão dá-se quando o flebótomo fêmea pica o cão para se alimentar do seu sangue. Esse processo é essencial para a reprodução destes minúsculos insetos.

No caso dos seres humanos, a transmissão ocorre da mesma forma. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a leishmaniose canina não se transmite diretamente através de um cão infetado. É preciso que o inseto transmissor pique a pessoa para que isso aconteça.

Assim, quando um flebótomo pica um cão infetado, passa a ser transmissor da doença.

Leishmaniose canina transmissão

Contudo, é preciso notar que a transmissão aos humanos é bastante rara. Além disso, nos casos em que acontece, poucas pessoas desenvolvem sinais da doença. Quando esta se manifesta é, essencialmente, em crianças, idosos e em quem tem sistemas imunitários debilitados.

Além da picada de um inseto infetado, há outras formas de transmissão menos comuns, designadamente a transmissão venérea (ou seja, pelas relações sexuais) ou por via do sangue. Também pode ocorrer a transmissão direta entre uma cadela e a sua ninhada.

A altura de maior risco de infeção ocorre durante os meses mais quentes do ano, já que o flebótomo só tem atividade nesta fase. As picadas acontecem, sobretudo, ao anoitecer.

Onde está presente

A leishmaniose canina é uma doença associada a regiões tropicais, subtropicais e mediterrânicas, registando-se, sobretudo, no sul da Europa e em países de África, da América Central e da América do Sul, da Ásia Central e do Médio Oriente.

Portugal, a par de Espanha, Itália e França, está entre os países mais afetados da Europa pela doença.

No caso nacional, os principais focos de leishmaniose canina estão na região do Alto-Douro, em Lisboa e no Algarve, segundo dados do Instituto de Higiene e Medicina Tropical.

Em Portugal, as duas espécies de flebótomos que transmitem a doença são o Phlebotomus perniciosus e o Plebotomus ariasi.

Tempo de vida 

Não se pode falar num tempo médio de vida, nem definir quantos anos restarão a um cão depois de ser diagnosticado com leishmaniose canina. Tudo depende do momento da doença, bem como das próprias condições de saúde do cão.

Mas, como já sublinhamos, quando se apanha esta doença é para toda a vida porque não existe cura. Contudo, o seu animal pode ter alguma qualidade de vida com o tratamento adequado.

Deste modo, é essencial que seja acompanhado de forma constante por um veterinário. Até porque terá de fazer exames regulares para controlar a doença, nomeadamente para avaliar eventuais problemas renais e hepáticos.

Estádios clínicos da doença

Em termos de tempo de vida, é preciso ainda entender que há quatro estádios clínicos da doença, tendo em conta os sintomas registados. Cada estádio implica prognósticos distintos quanto ao que espera o animal.

Assim, atente nesses estádios e nos sinais que pode esperar em cada um deles.

I Estádio

É a fase mais ligeira da doença, com o cão a manifestar sintomas menores, tais como gânglios linfáticos inchados e pápulas (ou borbulhas). Neste estádio, o prognóstico é positivo e podem esperar-se bons resultados do tratamento.

II Estádio

A doença está na fase moderada e os animais podem ter lesões cutâneas, febre, unhas encurvadas, diarreia e perda de peso. A função renal também pode ficar afetada e conforme os casos, o prognóstico é reservado.

III Estádio

Este é um estádio grave e o cão pode apresentar, além dos sintomas anteriores, também inflamações nos vasos sanguíneos e nos olhos, bem como sinais de doença renal. Neste caso, é preciso apurar os danos renais causados para definir tratamento específico.

Portanto, o prognóstico pode ser desfavorável, ou reservado, conforme os resultados dos exames realizados.

IV Estádio

Aqui a situação já é muito grave e o animal pode apresentar sinais de doença renal terminal. Mas também pode haver vasos sanguíneos obstruídos devido a coágulos de uma trombose.

Neste ponto, o tempo de vida do animal é bastante menos desfavorável. Portanto, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais tempo de vida terá o seu cão, desde que receba o tratamento adequado.

Como pode proteger o seu cão

Há vários cuidados que pode ter para reduzir os riscos de infeção por leishmaniose canina.

Em primeiro lugar, deve usar um inseticida que seja repelente para flebótomos. Informe-se junto do seu veterinário sobre a melhor solução, pois nem qualquer inseticida, nem qualquer coleira para cães, terá ação repelente eficaz contra este tipo de inseto.

Além disso, deve usar um repelente de mosquitos nas zonas onde o cão se movimenta. E mantenha esses locais bem limpos.

Por outro lado, também pode manter o seu cão abrigado, protegido de eventuais picadas, desde o anoitecer até ao amanhecer, na época de maior risco de infeção, ou seja, na estação mais quente.

Evite ainda passear perto de zonas sujas com o animal, pois são áreas privilegiadas para os flebótomos.

Atualmente, já existe uma vacina contra a leishmaniose canina que reduz o risco de infeção e de desenvolver a doença, caso o animal seja infetado. Contudo, deve contactar o seu veterinário para procurar mais informação.

O que fazer se suspeitar de leishmaniose canina

O primeiro passo é consultar um veterinário para fazer exames e uma avaliação clínica. É importante que o diagnóstico seja feito o mais depressa possível, para iniciar o quanto antes o tratamento.

Quanto mais depressa se atacar a leishmaniose canina, mais tempo e qualidade de vida terá o seu cão.

Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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Sara Paiva

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Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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