Fisioterapia Pélvica: o que é, para que serve e quem deve fazer?

Fisioterapia Pélvica: o que é, para que serve e quem deve fazer?

Sara Paiva
Sara Paiva |  
Terapias |  03 janeiro 2025 |  
11 min. de leitura
mulher segura duas bolas de exercício kegel para fisioterapia pélvica

A Fisioterapia Pélvica é uma área da Fisioterapia especializada na reabilitação e no fortalecimento dos músculos do pavimento pélvico. Estes são importantes para sustentar órgãos essenciais (bexiga, útero, reto e próstata), assim como para controlar a micção, evacuação e funções sexuais.

Homens e mulheres podem desenvolver disfunções da musculatura do pavimento pélvico, tanto por enfraquecimento dos músculos como por dor ou excesso de tensão. A Fisioterapia, nestes casos, é usada para reabilitar e fortalecer os músculos da região, através de técnicas de fortalecimento, alongamento, reeducação postural, terapia manual e exercícios respiratórios.

Vejamos no que consiste a Fisioterapia Pélvica (feminina e masculina) e quais as disfunções que pode tratar.

O que é a Fisioterapia Pélvica?

A Fisioterapia Pélvica é uma das especialidades da Fisioterapia, a qual se dedica ao tratamento de disfunções pélvicas (urogenitais e retais), causadas por alterações das estruturas do pavimento pélvico (períneo). Este último desempenha várias funções no nosso organismo, entre as quais se destacam:

  • Suportar órgãos (bexiga, útero, próstata e reto);

  • Proteger órgãos (uretra e ânus);

  • Participar na função sexual;

  • Promover a continência urinária e fecal.

Quando a musculatura do pavimento pélvico fica danificada, podemos apresentar quadros de:

  • Incontinência urinária — urgente ou de esforço;

  • Incontinência fecal;

  • Dor pélvica — Presença de dores persistentes na região do pavimento pélvico;

  • Disfunções sexuais — Presença de dor durante a relação sexual (dispareunia) e/ou dificuldades em ter prazer (no caso das mulheres), dificuldades em ter/manter a ereção e/ou ejaculação precoce (nos homens);

  • Dor perineal;

  • Bexiga hiperativa;

  • Prolapso dos órgãos pélvicos — Deslocação ou rebaixamento de órgãos, como a bexiga e o útero, por exemplo;

  • Enurese (perda involuntária de urina enquanto dorme);

  • Obstipação crónica — Dificuldade em defecar pela fraqueza dos músculos pélvicos;

  • Entre outras.

São várias as causas inerentes a estas disfunções, como a gravidez e/ou parto, obstipação, cirurgias (especialmente cirurgia intestinal, vasectomia, cirurgia de endometriose, histerectomia, remoção de abcessos da zona pélvica), esforços intensos continuados, traumas, sedentarismo, más posturas, desportos de alto impacto, disfunção da articulação sacroilíaca, obesidade, tosse crónica, entre outras.

A Fisioterapia Pélvica é indicada como a primeira opção terapêutica no tratamento das disfunções acima mencionadas, mas também é usada como prevenção das mesmas.

Quem deve fazer Fisioterapia Pélvica?

A Fisioterapia Pélvica está indicada para todas as pessoas que apresentem as disfunções que detalhámos acima, uma vez que é o tratamento recomendado. Assim, devem procurar um especialista:

  • Pessoas com incontinência urinária e/ou fecal — Mulheres e homens podem ter vários benefícios neste sentido, pois exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica vão ajudar a recuperar o controlo das suas funções urinária e fecal;

  • Pessoas com dor pélvica crónica — Algumas pessoas sentem dor pélvica constante, sem uma causa específica. Nestes casos, a Fisioterapia Pélvica é a opção terapêutica de eleição;

  • Mulheres no pós-parto — Mesmo que não tenham disfunções aparentes, a gravidez e o parto podem enfraquecer os músculos do pavimento pélvico. Nesse sentido, as mulheres devem recorrer a um fisioterapeuta pélvico para recuperar a musculatura;

  • Pessoas que desejam melhorar a função sexual — Tratar dores sentidas durante o ato sexual, assim como melhorar a qualidade da relação sexual;

  • Homens com disfunção erétil, ejaculação precoce e problemas relacionados com a próstata;

  • Pessoas com prolapso dos órgãos pélvicos — Mais comum em mulheres mais velhas ou mulheres com vários partos;

  • Pessoas que apresentem outra das disfunções descritas acima.

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Quais as técnicas mais usadas em Fisioterapia Pélvica?

Esta especialidade fisioterapeuta utiliza várias técnicas, sendo que o profissional de saúde determina quais as mais indicadas para cada caso. No entanto, podemos destacar aqui:

  • Biofeedback — Recurso a sensores para ensinar os pacientes a contraírem os músculos pélvicos da forma correta;

  • Exercícios para a musculatura do pavimento pélvico (exercícios Kegel, por exemplo) — Consistem na contração e relaxamento dos músculos da região pélvica;

  • Ginástica hipopressiva — Aplicação de técnicas de respiração (aspiração diafragmática);

  • Eletroestimulação muscular — Com o intuito de estimular e fortalecer a musculatura do pavimento pélvico;

  • Terapia manual — Massagens e manipulações para diminuir a dor e aliviar a tensão;

  • Educação para adoção de hábitos de vida saudáveis.

Fisioterapia Pélvica feminina

As mulheres são mais propensas a desenvolver problemas no pavimento pélvico, muito devido às diferenças anatómicas e fisiológicas (a estrutura pélvica está adaptada para funções reprodutivas e há mais orifícios, tornando a musculatura mais suscetível a enfraquecer. Alterações hormonais durante a menopausa — com a queda dos níveis de estrogénio — reduzem a elasticidade e força dos músculos pélvicos e do tecido conjuntivo).

No entanto, outros fatores levam a que as mulheres procurem mais a Fisioterapia Pélvica, entre eles:

  • Gravidez e parto — Durante a gravidez, o útero fica mais pesado, aumentando a pressão nos músculos do pavimento pélvico. Durante o parto vaginal, pode ocorrer estiramento ou lesões nos músculos pélvicos, nervos e tecido conjuntivo da região. Além disso, nem sempre a recuperação dos músculos da região pélvica é completa após o parto;

  • Prolapso de órgãos pélvicos — As mulheres têm maior propensão a esta condição clínica do que os homens, pois o pavimento pélvico suporta mais peso durante a vida;

  • Obstipação — A obstipação crónica é mais comum entre as mulheres, condição que pode enfraquecer a musculatura pélvica;

  • Vaginismo, dispareunia e dificuldade em ter prazer — Muitas vezes, estas condições são causadas por incapacidade de controlar e relaxar a musculatura do pavimento pélvico;

  • Incontinência urinária e fecal — Embora afete também os homens, esta condição é mais comum em mulheres, principalmente depois da menopausa e no pós-parto.

Fisioterapia Pélvica na gravidez: quando começar?

A Fisioterapia Pélvica pode ser muito útil na preparação para o parto, uma vez que fortalece toda a musculatura usada durante o nascimento do bebé.

Se não tiver nenhuma contraindicação, pode iniciar as consultas a partir da 14.ª semana de gravidez.

Fisioterapia Pélvica pós-parto

O parto pode enfraquecer os músculos do pavimento pélvico, podendo levar a incontinência urinária e fecal, por exemplo. Nesse sentido, as mulheres devem procurar um fisioterapeuta para recuperar e fortalecer esta musculatura.

Deve recorrer a um especialista mesmo que não apresente nenhuma condição, pois a Fisioterapia Pélvica atua também na prevenção das disfunções já descritas.

Regra geral, pode iniciar exercícios leves entre uma a duas semanas depois do parto (caso tenha sido parto vaginal sem complicações). Caso tenha tido um parto com lacerações ou episiotomia, deve esperar a cicatrização para iniciar as sessões (entre quatro a seis semanas após o parto).

Mulheres que fizeram cesariana podem começar as sessões nas primeiras semanas após o parto (exercícios leves e de respiração), mas os exercícios mais intensos só devem ser iniciados após quatro a seis semanas.

Antes de começar, aconselhe-se com o seu médico sobre o melhor momento.

Fisioterapia Pélvica para tratar dor na relação

Dores durante as relações sexuais podem acontecer em mulheres com vaginismo, tensão ou hipertonia do pavimento pélvico (músculos excessivamente contraídos ou rígidos), por exemplo. A Fisioterapia Pélvica é um tratamento muito eficaz para estas condições.

Outras condições podem levar a dores nas relações e podem ser tratadas ou amenizadas com a Fisioterapia, entre elas:

  • Cicatrizes de parto, cirurgias e traumas na região;

  • Endometriose;

  • Atrofia vaginal (comum na menopausa);

  • Vulvodínia;

  • Infeções ginecológicas;

  • Desequilíbrios hormonais (comuns no pós-parto e na menopausa);

  • Stress e ansiedade;

  • Experiências traumáticas.

Fisioterapia Pélvica masculina

Apesar de as mulheres terem maior propensão a desenvolver problemas que careçam de tratamento de Fisioterapia Pélvica, alguns homens também podem beneficiar-se desta terapêutica, como aqueles que apresentam:

  • Disfunções urinárias e fecais — É comum que os homens apresentem incontinência urinária e urgência de micção após cirurgias na próstata. Podem também apresentar incontinência fecal e constipação crónica;

  • Disfunções sexuais — Alguns homens têm disfunção erétil causada pelo enfraquecimento e desequilíbrio do pavimento pélvico. Também, um fraco controlo da musculatura pode levar a ejaculação precoce ou retardada;

  • Dor pélvica crónica — Embora não tão comum como nas mulheres, alguns homens sentem desconforto na região do períneo, pénis e/ou testículos;

  • Condições associadas à próstata — Especialmente no tratamento pós-cirúrgico do cancro da próstata e hiperplasia benigna da próstata;

  • Prolapso retal — Esta é uma condição pouco comum.

A Fisioterapia Pélvica ajuda homens e mulheres a recuperarem de várias disfunções e patologias, dando-lhes uma maior qualidade de vida. Se tem alguma das condições descritas ao longo deste artigo, procure um profissional especializado.

Sara Paiva
Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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Susana Valente

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Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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