Quais são as 5 fases do luto conforme a Psicologia?

Sara Paiva
Sara Paiva |  
Terapias |  08 outubro 2024 |  
9 min. de leitura
mulher sentada junto ao mar, dobrada sobre si mesma, com os braços abraçando as pernas

Lidar com a morte e a perda de alguém próximo nunca é fácil, por muito que o luto seja um processo natural. Cada pessoa vive e sente a perda de forma única, no seu próprio tempo, aprendendo a reconhecer-se como indivíduo sem a presença daquela pessoa.

Há toda uma vida que fica para trás, memórias de um tempo que não volta, vivências que não se repetem. Encarar tudo isto não é fácil e leva o seu tempo para que o enlutado aceite a perda com tranquilidade.

Entender o processo de luto é fundamental para viver este momento da melhor forma. É certo que a dor não desaparece, o sofrimento não é menor, mas ficará com o entendimento do que é o luto e quais as fases que viverá, sentindo-se menos culpado pelo que está a sentir.

O que é o luto?

O luto é um processo doloroso pelo qual passamos quando perdemos alguém querido. Falamos de um estado emocional que origina muitos sentimentos, entre eles a tristeza, a angústia e a saudade.

Este processo pode levar a várias respostas emocionais, cognitivas e comportamentais, como culpa, ansiedade, confusão, descrença, agitação, choro repentino, entre outras.

Vivemos numa sociedade em que viver o luto não é permitido. Há sempre uma urgência em ficar bem, produtivo, feliz. No entanto, permitir-se viver o luto é essencial para que a ausência da pessoa se torne num processo de amadurecimento, sem mágoas.

Se está a passar por um momento de perda, lembre-se que o processo de luto tem várias fases e cada uma delas precisa do seu próprio tempo para ser vivida.

Quais as 5 fases do luto conforme a Psicologia?

Todo o processo de luto, até à aceitação plena e tranquila da perda de alguém, compreende 5 fases. Embora algumas pessoas passem as fases distintamente e em tempos diferentes (até porque cada pessoa tem uma forma de vivenciar os acontecimentos, além de as circunstâncias mudarem a forma como olhamos a situação), podemos apontar estas fases como “mestras”:

1.ª fase — Negação

Numa fase inicial, logo após a morte de um parente, é normal não aceitar que nunca mais terá aquela pessoa por perto e recusar-se a acreditar que ela faleceu.

Este choque inicial é uma reação de defesa do ser humano. Em alguns casos, esta fase pode ser vivida ainda antes de haver a perda efetiva. Por exemplo, quando sabemos que um ente querido tem uma doença terminal, podemos iniciar o processo de luto sem que a morte tenha ocorrido ainda.

A fase de negação é relativamente curta e é um estado temporário. Mesmo estando em negação, o ser humano adapta-se à realidade.

2.ª fase — Raiva/Ira

Questões como “porque tinha de acontecer connosco?” ou “porque Deus escolheu esta pessoa e não outra?” são comuns nesta fase do luto. O sentimento de raiva ou ira é normal, e pode ser canalizado para a causa da morte, para quem transmitiu a notícia da morte, ou até para si (pode sentir que podia ter evitado o acontecimento, por exemplo).

Durante a fase da raiva, o enlutado vai sentir uma grande dificuldade em relacionar-se com aqueles que o rodeiam, evitando estar próximo de outras pessoas.

Sentimentos de mágoa intensa, inconformismo, revolta e ressentimento são muito comuns.

Esta fase é muito delicada e é fundamental que quem rodeia a pessoa enlutada dê todo o apoio, mesmo quando as reações são incoerentes.

3.ª fase — Negociação/Barganha

Quando a negação e o isolamento são ultrapassados, o enlutado passa para uma fase de negociação, na qual ele pensa que se mudasse o seu comportamento teria alguma espécie de salvação.

Esta fase pode ser marcada por promessas a Deus, universo ou outro tipo de crenças. Há a sensação de que a dor pode ser revertida, envolvendo uma esperança profunda.  

4.ª fase — Depressão

Esta é a fase mais delicada de todas, podendo tornar-se crítica em alguns casos. A pessoa, aqui, começa a entender, de facto, o que aconteceu e tem a plena noção de que a sua realidade mudou.

É comum, nesta fase, que o enlutado tenha o sentimento de que perdeu todos os seus sonhos, que os projetos que tinha já não fazem sentido, e as lembranças da pessoa falecida são insistentes, originando vários episódios de choro intenso, reflexão e isolamento.

5.ª fase — Aceitação

Este é o último estágio do processo de luto, onde se vive uma maior tranquilidade. Há uma mudança de ponto de vista, em que não há espaço para a negação, raiva ou desespero. O enlutado consegue ter expectativas tranquilas em relação àquilo que viveu.

Não quer dizer que não exista mais dor ou saudade, mas há um sentimento de paz e tranquilidade perante a perda.

Qualquer fase pode ser cíclica; pode não ocorrer nesta ordem; pode haver avanços e recuos. Cada pessoa vive o luto de forma única e distinta.

Fases do luto infantil

A morte de um filho é a dor maior que qualquer pai/mãe pode sentir. Este é um acontecimento devastador na vida emocional de qualquer pessoa e não há como determinar o tempo que uma ferida assim demora a cicatrizar.

Não existe nada que substitua um filho, sendo que cada um é único. Talvez seja por esta razão que o luto infantil pode nunca chegar ao estado de aceitação (última fase do processo de luto).

Nas fases de negação, raiva e depressão é muito comum que a pessoa se isole, quase que instintivamente. Por ser uma tristeza muito profunda, o enlutado não tem ânimo para interagir e socializar com os outros.

Apesar de ser uma atitude normal, é importante que a pessoa partilhe os seus sentimentos, exteriorizando a dor da perda. Verbalizar o que sente ajuda a amenizar a dor, além de auxiliar na estruturação do pensamento em relação ao que aconteceu.

Grupos de apoio ou terapia em grupo podem ser úteis para pessoas que perderam um filho. Encontrar apoio em pessoas que passaram pelo mesmo oferece um sentimento de pertença essencial.

Superar a perda de um filho não é fácil e é o processo de luto mais difícil de todos. Algumas atitudes podem ajudar:

  • Aceite o que está a sentir e não negue os sentimentos;

  • Dê tempo a si próprio para viver este processo, com as suas diferentes fases, com avanços e recuos;

  • Não se isole — procure amigos e familiares em momentos mais difíceis;

  • Pratique exercício físico regular;

  • Adote uma alimentação saudável e equilibrada;

  • Durma, pelo menos, 7 horas por dia;

  • Procure um psicólogo ou psiquiatra para acompanhá-lo durante o processo.

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Fases do luto de um relacionamento

O término de um relacionamento significa a perda de uma pessoa que dividia a vida connosco, além do fim de uma vida a dois, com sonhos e projetos que deixam de fazer sentido.

Assim, o fim de um relacionamento leva, também, a um processo de luto. As fases são as mesmas e, tal como na morte de um familiar, cada pessoa vive este processo de uma forma diferente.

Não se julgue ou culpe se não conseguir ultrapassar o fim de uma relação de um dia para o outro. É normal (e saudável) que fique algum tempo a processar a perda.

Não se isole, procure amigos e familiares e, caso necessite, procure ajuda de um profissional qualificado, como um psicólogo ou psiquiatra.

Fases do luto pela perda de um animal?

Os animais de estimação fazem parte da nossa família e são, cada vez mais, sentidos como um membro importante desta. Por isso, é comum que tutores passem por um processo de luto quando os animais falecem. As fases do luto pela perda de um animal são as mesmas passadas na morte de um ente querido.

Se está a passar por esta situação, não se esqueça de priorizar o autocuidado, faça atividades que lhe deem uma sensação de conforto, descanse e procure formas saudáveis de lidar com a tristeza que está a sentir.

Sara Paiva
Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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Susana Valente

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Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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