
A escuta ativa implica empatia, entendimento e respeito pelo outro. Estas características, durante a comunicação, melhoram os relacionamentos, além de se gerar uma maior confiança.
Escutar ativamente é muito mais do que simplesmente ouvir o que o outro está a falar. Para um bom relacionamento, é fundamental que a comunicação seja verdadeira e inteira, apreciando, compreendendo e participando ativamente no que o outro nos quer falar.
O Dia Mundial da Audição celebra-se a 3 de março.
Neste artigo, saiba quais os diferentes tipos de escuta, entenda o que é a escuta ativa, porque ela é tão importante e quais as diferentes técnicas usadas.
Quais os tipos de escuta?
Existem quatro tipos de escuta, sendo que estes devem ser usados e aprimorados para melhorar a comunicação com os outros. Assim, temos:
Escuta empática — Quando se ouve com o intuito de entender o outro. Aqui, o foco está sempre no que a outra pessoa está a falar, para conseguir colocar-se no lugar dela. É neste tipo que se enquadra a escuta ativa, sendo que esta ajuda a criar relações mais sólidas, conseguindo um entendimento mais profundo das pessoas que nos rodeiam, além de desenvolver a sua capacidade empática;
Escuta apreciativa — Este tipo de escuta não tem que ver com o outro, mas com a procura por satisfação pessoal. Ele é usado enquanto se ouve música, cerimónias religiosas, palestras motivacionais, entre outros tipos de comunicação para obter-se algo para nós mesmos;
Escuta crítica — Quando se ouve o outro para formar uma opinião sobre o que está a ser dito. É usado, por exemplo, em debates ou até em conversas com um prestador de serviços;
Escuta compreensiva — Este tipo de escuta é usado na aprendizagem de algo novo. Pode ser usado em aulas, podcasts, noticiários, entre outros.
Escuta ativa: significado
A escuta ativa é o ato de ouvir o que outra pessoa está a dizer com o intuito genuíno de entendê-la, demonstrando paciência e empatia. Não se pensa na resposta que se vai dar enquanto o outro fala, mas concentra-se no que o outro está a expressar, de forma exclusiva.
Numa comunicação em que se pratica a escuta ativa, é comum repetirem-se algumas palavras que o outro falou para se confirmar a compreensão daquilo que se ouviu. O uso de perguntas abertas (em que a resposta vai além de “sim” ou “não”) também é comum para que o outro possa aprofundar o assunto. Evita-se, igualmente, interromper o discurso do outro.
Sendo parte da escuta empática, não se fazem julgamentos ao que o outro nos está a dizer. É importante entender e aceitar que existem diferentes pontos de vista e que nós mesmos temos vieses.
Uma das bases mais importantes da escuta ativa é a comunicação positiva e não verbal, estando ligeiramente inclinado para a frente e estabelecendo contacto visual.
Ter este tipo de escuta é fundamental para a construção de conversas mais profundas, de relações baseadas na empatia e confiança.
Qual a importância da escuta ativa?
Praticar a escuta ativa é essencial para ter uma boa convivência com as pessoas ao seu redor.
Nos seus relacionamentos pessoais, ao colocar este tipo de escuta em prática, vai permitir criar conexões muito fortes com o outro, uma vez que lhe dá segurança para se expressar verdadeiramente, sem medo de julgamentos e com a certeza de que está a ser ouvido.
Por melhorar imenso a comunicação, este tipo de escuta traz vários benefícios também para a carreira, pois consegue:
Absorver mais conhecimento;
Melhorar a comunicação;
Criar laços de confiança com os seus colegas e chefia;
Incentivar a colaboração;
Aproximar diferentes profissionais, melhorando o trabalho de equipa e o clima organizacional;
Aumentar a empatia no mundo organizacional;
Oferecer maior segurança à equipa no que concerne às atividades propostas;
Oferecer maior segurança à equipa;
Aprofundar vínculos;
Aumentar a produtividade, evitando-se erros por falhas de comunicação;
Criar laços saudáveis;
Diminuir conflitos internos.
Escuta ativa: exemplos práticos
A escuta ativa não implica que ouça o outro em silêncio, como se estivesse num monólogo. Na verdade, esta requer é que ouça com a devida atenção, sem fazer julgamentos nem preparando respostas para que o outro mude de ideias.
A base da escuta ativa é a empatia e, como tal, deve entender o que o outro está a sentir.
Por isso, durante a conversa, utilize frases como:
“Fala-me mais sobre isso.”;
“O que aconteceu a seguir?”;
“O que posso fazer para te ajudar?”;
“Como te sentiste com isso?”;
“Entendo-te.”;
“O que gostarias de fazer a respeito disso?”.
Imagine o seguinte cenário: a Sofia, uma amiga, desabafa sobre alguns problemas que está a ter no trabalho.
Sofia: “Tenho-me sentido muito sobrecarregada no trabalho nos últimos meses. O meu chefe tem-me dado muito mais tarefas, eu não consigo terminá-las todas, e parece que ele não percebe que isso está a deixar-me ansiosa e frustrada.”
Você: “Parece que estás a sentir muita pressão no trabalho e que não sentes que o teu esforço está a ser reconhecido. É isso?”
Sofia: “Sim. É isso mesmo. Eu tento dar o meu melhor, mas há sempre mais coisas para fazer. Parece que nem se importa se estou cansada.”
Você: “Entendo-te. Deve ser muito frustrante sentir que o teu esforço não é valorizado. Já tentaste falar com o teu chefe sobre isso?”
Sofia: “Tenho receio que ele ache que estou a reclamar ou que não consigo fazer o meu trabalho.”
Você: “É normal sentires esse receio. Queres manter uma boa imagem profissional, mas também precisas de um equilíbrio. Como achas que poderias abordar esse tema com ele para expressares as tuas preocupações sem que isso parecesse que te estavas a queixar?”
Sofia: “Talvez pudesse ser objetiva sobre a carga de trabalho e questionasse se há alguma forma mais eficaz de priorizar as minhas tarefas.”
Você: “Parece-me uma abordagem muito construtiva. Se quiseres, posso ajudar-te a ensaiar essa conversa.”
Neste diálogo imaginário, conseguiu mostrar que estava a ouvir com atenção e a entender os sentimentos da Sofia. O uso de repetições e reformulações das preocupações da Sofia permitiram compreender corretamente os seus anseios. Também houve o reconhecimento dos seus sentimentos, revelando empatia, assim como perguntas abertas para que a Sofia encontrasse uma solução por ela mesma.
Práticas e técnicas de escuta ativa
Para desenvolver e aprimorar a escuta ativa, algumas técnicas e práticas são benéficas.
1 — Mantenha o foco
Durante a conversa, não se distraia com elementos externos, como o telemóvel ou pessoas que passam à sua volta. Mantenha o foco na pessoa que está a falar, demonstrando interesse e empatia.
2 — Atente nos sinais
A comunicação não verbal é muito mais rica do que a verbal. Conseguimos muito mais informações com os movimentos corporais do que com as palavras que ouvimos. Assim, dê atenção a todos os detalhes, como olhares, gestos, entoação da voz e reações do corpo.
3 — Ofereça o seu tempo
Quando alguém o procura para conversar é porque é uma pessoa em quem confia e pensa ser a melhor para a ajudar. Por isso, ofereça o seu tempo genuinamente, sem pressas.
Escute, reflita no que ouve e questione sempre que for preciso. Participe da conversa, sempre com empatia e sem interromper o outro.
4 — Não faça julgamentos
Um dos maiores desafios da escuta ativa é ser-se guiado pela opinião pessoal ou pelas próprias crenças. É importante reconhecer que não pensamos todos da mesma forma.
Quando alguém estiver a dar o seu ponto de vista, não julgue nem interrompa. Escute e reflita sobre o que o outro diz. Pense se a sua opinião não pode estar errada, ou se a sua visão sobre o assunto pode estar deturpada.
5 — Não seja seletivo
Um dos erros mais comuns da comunicação é filtrar partes da conversa para usarmos somente as que mais nos convêm para validar um ponto de vista. Ao fazer isso, é mais fácil cair em julgamentos, contrariando a base da escuta ativa, a qual é a empatia.
6 — Tenha debates saudáveis
É normal que, em debates, haja discordâncias de pontos de vista. Nesse caso, abordar a amplitude do tema é a melhor atitude a tomar. Um assunto pode ter vários ângulos e, ao mostrá-los, o outro pensa em outras possibilidades, assim como também amplia a sua própria capacidade de analisar a situação.
Questione, com empatia e respeito, sem julgamentos. Além de que demonstrar interesse pelo que o outro tem a dizer, vai ajudá-lo a ter outras perspetivas.
A escuta ativa permite-lhe criar relações verdadeiras e duradouras, baseadas na confiança e empatia. Pratique-a e coloque em prática em todas as vertentes da sua vida (pessoal e profissional). Os benefícios valem o seu esforço.