Esclerose múltipla: quais os sintomas mais comuns?

Esclerose múltipla: quais os sintomas mais comuns?

Sara Paiva
Sara Paiva |  
Apoio domiciliário |  31 maio 2024 |  
11 min. de leitura
mulher sentada no chão, dobrada sobre si mesma, com os braços a abraçar as pernas

A esclerose múltipla (EM) é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, a qual é marcada pela destruição e dano das fibras nervosas subjacentes no cérebro, medula espinal e nervos óticos, e das zonas de mielina (substância que cobre as fibras nervosas). Estar atento aos sintomas mais comuns é fundamental para um diagnóstico precoce.

30 de maio é o Dia Mundial da Esclerose Múltipla

Apesar de ser uma doença que não tem cura, existem tratamentos que ajudam a conter a sua progressão. Saber os sintomas mais comuns associados a esta patologia é, portanto, fundamental. Quanto mais cedo se detetar, melhores os prognósticos relativamente à esperança média de vida e, principalmente, no que concerne à qualidade de vida.

O que é esclerose múltipla?

A esclerose múltipla é uma doença autoimune, degenerativa, ou seja, o sistema imunológico ataca os tecidos do corpo. A EM causa desmielinização - destrói os tecidos que cobrem os nervos (bainha da mielina) no cérebro e na medula espinal – e pode, também, afetar as fibras nervosas subjacentes no cérebro, medula espinal e nervos óticos.

Esta é marcada, regra geral, por períodos de saúde boa (remissões) alternados com episódios em que os sintomas pioram (recaídas). No entanto, em estágios mais avançados, a EM fica mais evidente, piorando gradativamente.

Aproximadamente 2,8 milhões de pessoas têm esclerose múltipla em todo o mundo e cerca de 107 000 pessoas são diagnosticadas com EM anualmente.

Embora as recaídas possam ser debilitantes, geralmente a recuperação é boa (apesar de incompleta na maioria das vezes).

A esclerose múltipla é mais comum em mulheres e surge, principalmente, entre os 20 e os 40 anos.

Quais os 4 tipos de esclerose múltipla?

Segundo a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, podemos encontrar vários tipos de EM:

  • Surto/recaída-remissão – Existe um padrão que alterna entre recaídas (piora dos sintomas, surgindo espontaneamente ou após uma infeção) e remissões (melhoria ou estagnação dos sintomas, podendo durar meses ou anos)

  • Primária progressiva – Marcado por um avanço gradual da doença, sem remissões ou recaídas óbvias, mas podem existir períodos de estabilização

  • Secundária progressiva – Inicia-se com o padrão surto-remissão e segue-se avanço gradual da patologia

  • Benigna – Caracteriza-se por um surto-remissão, sem incapacidade ou com incapacidade muito reduzida

Existe ainda o tipo recidivante progressivo, o qual é marcado pela progressão gradual da doença, a qual é interrompida por recaídas súbitas (este é o padrão mais raro da EM).

Embora a frequência varie muito conforme a pessoa e o momento da doença, em média, quando não se está em tratamento, os pacientes têm uma recaída a cada dois anos.

Esclerose múltipla: esperança de vida

Na maior parte dos casos, a esclerose múltipla não afeta a esperança de vida (exceto se esta for muito grave). Ter um estilo de vida não saudável (sedentarismo e tabagismo, principalmente) pode fazer com que a doença avance mais rápido.

Apesar de ser uma doença degenerativa, aproximadamente 75% das pessoas diagnosticadas com EM nunca precisarão de usar cadeira de rodas e 40% não precisam de interromper as atividades diárias e profissionais.

Esclerose múltipla: sintomas mais comuns

Os sintomas de esclerose múltipla diferem muito conforme a pessoa, pois estes dependem diretamente das fibras nervosas desmielinizadas.

Caso as fibras afetadas sejam aquelas que transmitem as informações sensoriais, os sintomas sentidos ocorrem nas sensações. Já se as fibras comprometidas forem as que transportam sinais para os músculos, os sinais de EM revelam-se na mobilidade.

É importante referir que a doença tem períodos em que é mais evidente (com recaídas e progressão ativa) e outros em que nem se faz notar (fase de remissão). Os avanços e recuos da patologia não se conseguem prever.

Primeiros sintomas da esclerose múltipla

Os sintomas e sinais iniciais da esclerose múltipla passam, na maior parte dos casos, despercebidos. Destacam-se:

  • Dormência, formigamento nos membros (braços e/ou pernas), tronco ou face

  • Dor, ardor e/ou comichão nos membros, tronco ou face

  • Pouca sensibilidade ao toque

  • Problemas de visão (turva, pouco clara, ver “estrelinhas”, perda de visão central, visão dupla ao olhar para o lado, movimentos involuntários de um olho – nistagmo -, perda de visão num olho)

  • Perda de força e/ou rigidez na(s) mão(s) ou perna(s)

  • Equilíbrio e marcha afetados

  • Tonturas e vertigens

  • Fadiga

Sinais tardios da esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença degenerativa, portanto, os sintomas vão progredindo em número de ocorrências, assim como na sua gravidade. Os mais comuns são:

  • Movimentos trémulos e irregulares

  • Paralisia parcial ou completa

  • Contração involuntária dos músculos (espasticidade)

  • Cãibras dolorosas

  • Linguagem prejudicada (lenta, sussurrada e com titubeações)

  • Descontrolo nas respostas emocionais (rir ou chorar sem motivo, ou em situações impróprias)

  • Depressão

  • Memória afetada (mas levemente)

  • Problemas urinários (urgência e frequência elevada em urinar, incontinência, dificuldade em começar a urinar e/ou retenção urinária)

  • Obstipação e/ou incontinência fecal

  • Demência (muito rara e somente num estágio muito avançado da patologia)

Esclerose múltipla: causas

A causa da esclerose múltipla é desconhecida. No entanto, a comunidade médica aponta uma possível exposição a um vírus no início de vida (herpesvírus ou retrovírus) ou a uma substância desconhecida como provável causa.

Estes vírus, ou substâncias, ativam o sistema imunológico para “atacar” o próprio corpo, provocando inflamação nos tecidos e consequente lesão na bainha de mielina e nas fibras nervosas subjacentes.

A genética parece, também, desempenhar um papel importante na esclerose múltipla, uma vez que ter um parente de primeira linha (pai, mãe ou irmãos) com a doença aumenta a probabilidade de alguém a adquirir também. Igualmente, alguns marcadores genéticos na superfície das células (antígenos leucocitários humanos) são comuns a muitos pacientes com EM.

Pode existir uma influência dos fatores ambientais, especialmente durante a infância e adolescência (1 em cada 2 000 pessoas cresce em clima temperado; 1 em cada 10 000 pessoas cresce em clima tropical; raros são os casos de EM em pessoas que crescem perto da linha do Equador – possível associação aos níveis de vitamina D, mais baixos em pessoas que vivem em países de clima temperado).

Ainda são apontadas como possíveis causas para o desenvolvimento de esclerose múltipla a infeção pelo vírus Epstein-Barr (responsável pela mononucleose) e o tabagismo.

Como é feito o diagnóstico de EM?

Sabendo que os sintomas podem ser muito diversos, o diagnóstico de esclerose múltipla é muito difícil num estágio inicial.

Num primeiro momento, o médico desconfia de EM quando o paciente apresenta problemas de visão, dificuldades na mobilidade ou sensações estranhas no corpo. Confirma-se pelo padrão de recaída-remissão, assim como pela avaliação do sistema nervoso (por meio de exame neurológico), da retina e do disco ótico.

Em todos os casos de suspeita de esclerose múltipla, o médico pede uma ressonância magnética (RM) – possivelmente com contraste - para encontrar zonas de desmielinização no cérebro e medula espinal.

Também pode ter de realizar uma punção lombar, para perceber a concentração de anticorpos.

Tratamento para esclerose múltipla

O tratamento para a esclerose múltipla é destinado somente ao controlo dos sintomas, uma vez que é uma doença que não tem cura atualmente.

Quando em crise aguda, o médico pode receitar corticosteroides para suprimir o sistema imunológico. Estes são usados, por norma, por pouco tempo (apenas para aliviar os sintomas imediatos). Vale lembrar que os corticosteroides não param a progressão da doença, mas reduzem-na e diminuem as recaídas.

Para controlar o sistema imunológico e impedir que este ataque as bainhas de mielina, podem usar-se injeções de interferon beta, injeções de acetato de glatirâmero, natalizumabe, entre outros.

Alguns especialistas recomendam, atualmente, a troca de plasma e o transplante de células estaminais para aqueles pacientes com recaídas graves que não se conseguem controlar com corticosteroides.

Também são usados outros medicamentos para controlar os sintomas, como relaxantes musculares, anticonvulsivantes, antidepressivos, medicamentos para a incontinência, entre muitos outros.

O que fazer para ter melhor qualidade de vida com EM?

Embora o diagnóstico de esclerose múltipla seja assustador, deve procurar fazer tudo o que está ao seu alcance para ter melhor qualidade de vida.

A prática de exercício físico regular é essencial para reduzir a espasticidade, preservar a saúde muscular e cardiovascular, além de ser excelente para o seu bem-estar psicológico.

Fazer fisioterapia também é útil, posto que ajuda no equilíbrio, na mobilidade e reduz a espasticidade.

Se tem EM, deve evitar temperaturas elevadas, pois o calor pode agravar os sintomas da doença. Também, os fumadores devem parar esse hábito.

No caso de doentes em estágios muito avançados da patologia e que estejam com mobilidade reduzida, pode ser vantajosa a contratação de um profissional de saúde que o acompanhe para evitar o desenvolvimento de úlceras de decúbito.

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Sara Paiva
Socióloga de formação, Copywriter de paixão. Sou uma apaixonada por literatura (e pelas artes em geral), o que me levou a seguir uma carreira na área da escrita. Desenvolvo conteúdos para o Toma Conta com o objetivo de ajudar os utilizadores a obterem a melhor informação possível.

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Escrevo conteúdos para a web há mais de 20 anos como jornalista e copywriter. Adoro explorar montes e vales por esse país fora. Detesto fazer mudanças e adoro correr à beira-mar. Tenho veia de poeta, sou mãe e uma verdadeira mulher dos sete ofícios!

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