A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico degenerativo, o qual afeta os movimentos do corpo, podendo causar movimentos não intencionais, rigidez dos músculos, tremores dos membros superiores e inferiores, assim como dificuldade de coordenação e de equilíbrio.
Aproximadamente 1% da população mundial com mais de 65 anos tem Doença de Parkinson (sofrem da doença entre sete e 10 milhões de indivíduos), e estima-se que, em Portugal, cerca de 20 mil pessoas sofrem da doença. No nosso país, registam-se anualmente mais de 1800 casos novos, estimando-se que esta doença aumente nos próximos 20 anos, devido ao aumento da esperança média de vida, vindo a acometer cerca de 30 mil pessoas.
Esta doença é mais comum entre os homens, sendo que a sua prevalência aumenta com a idade, mostrando-se rara em indivíduos com menos de 50 anos (apenas 5% dos casos referem-se a pessoas com menos de 40 anos de idade).
Apesar de não ter ainda cura, quando detetada e tratada precocemente, tem uma evolução mais lenta, melhorando consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes.
11 de abril é o Dia Mundial da Doença de Parkinson
O que é a Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson é uma perturbação cerebral do distúrbio neurológico degenerativo, a qual resulta da redução dos níveis de dopamina (responsável pelos comandos dos movimentos), originando a morte das células do cérebro que produzem essa substância.
De entre as doenças degenerativas do sistema nervoso central, esta é a segunda com maior prevalência na população, atingindo entre sete e 10 milhões de pessoas, 22 mil apenas em Portugal.
Embora possa surgir em qualquer idade, esta doença é mais comum em pessoas com mais de 60 anos. Sempre que a doença se desenvolve em indivíduos com menos de 50 anos, esta passa a chamar-se Parkinson juvenil (cerca de 10% dos casos).
Quais as causas da Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson é caracterizada pela degeneração, ou morte, dos neurónios da região do cérebro conhecida como substância negra, a qual é responsável pela produção da dopamina. A dopamina é um neurotransmissor que faz a condução das correntes nervosas ao corpo, tendo principal atuação nos movimentos voluntários do corpo.
As causas da doença ainda não são conhecidas, mas apontam-se alguns fatores de risco que podem estar relacionados com o desenvolvimento da doença:
1 - Fatores genéticos e ambientais
A combinação de fatores genéticos e ambientais foi apontada como uma possível causa para o desenvolvimento da doença de Parkinson. Aqui podem surgir como causas traumatismos cranianos, exposição a substâncias tóxicas, como pesticidas e herbicidas, por exemplo.
2 - Idade
A idade é, com certeza, um fator de risco importante a ser mencionado, uma vez que, na maior parte dos casos, esta doença surge em indivíduos com mais de 60 anos de idade.
3 - Sexo
Os homens têm uma probabilidade de, aproximadamente, mais 50% de desenvolver esta doença, quando comparado com as mulheres. Por isso, este é igualmente um fator de risco a ser associado.
4 - Hereditariedade
Sabe-se que, em casos raros, a doença de Parkinson é hereditária. Portanto, ter um familiar de primeiro grau com a doença pode aumentar a probabilidade de vir a desenvolver a mesma, muito embora os riscos ainda sejam pequenos.
No caso do Parkinson juvenil, também conhecido como Parkinson precoce, as causas genéticas são apontadas como as mais prováveis.
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Sintomas da Doença de Parkinson
Na maior parte dos pacientes, o tremor dos membros em repouso, principalmente nas mãos, é o sintoma de alerta para a doença. Este tremor costuma ser lento, grosseiro, muitas das vezes envolvendo o punho e os dedos (embora mais raro, o polegar move-se contra o indicador), muitas vezes associado a fadiga e tensão emocional.
Apesar de ser mais comum nas mãos, pode acontecer nos pés também. Em alguns casos, A língua e a mandíbula podem também ser afetadas, mas não tendo qualquer influência na voz.
Outros sintomas associados à doença são a fala hipofónica (volume baixo da voz, causado pela falta de coordenação dos músculos responsáveis pela fala), monótono e, em alguns casos, gaguez.
Com o avançar da doença, uma vez que se denota uma maior rigidez, o tremor torna-se menos saliente. Em alguns casos (principalmente nas formas da doença rígidas-acinéticas), pode não acontecer o tremor em repouso, ou este ser muito ligeiro.
A lentidão de movimentos, chamada de bradicinesia, é outro sintoma comum da doença. A diminuição progressiva da amplitude dos movimentos, designada de hipocinesia, associada à rigidez pode levar a uma maior sensação de fadiga, assim como a dores musculares.
Outros sintomas da Doença de Parkinson são:
Boca aberta e redução do piscar (face com aspeto hipomímico)
Micrografia (escrever com uma letra muito pequena)
Depressão e/ou ansiedade
Dificuldade em controlar os músculos distais
Transtornos do sono, como insónia
Alterações do olfato e/ou paladar
Fadiga
Obstipação
Perda de peso
Mais tardiamente, surgem sintomas como:
Instabilidade postural
Dificuldade a começar a andar, rodar e parar
Festinação - os passos são curtos e arrastados, geralmente com os membros superiores flexionados na cintura, sem grandes movimentos dos mesmos
Perda de reflexos posturais que podem levar a cair para a frente ou para trás
Dificuldade em alimentar-se
Alucinações
Pelos sintomas da doença, é fundamental que os pacientes com Parkinson estejam acompanhados por profissionais de saúde capazes de ajudar nas suas atividades diárias. Além de médico ao domicílio, pode ser benéfica a contratação de um cuidador que garanta o máximo conforto e segurança.
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Parkinson e Demência
A demência desenvolve-se em, aproximadamente, um terço dos pacientes com Doença de Parkinson. Geralmente surge em fase avançada da doença, depois do comprometimento visuoespacial e diminuição da fluência verbal.
A existência de transtornos do sono, especialmente a privação do sono, também pode levar a um degradamento cognitivo, associado a sinais neurodegenerativos precoces.
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Complicações possíveis
A Doença de Parkinson, por si só, não é fatal. No entanto, esta doença costuma vir acompanhada de outras complicações, estas, sim, consideradas graves e que exigem acompanhamento cuidado por parte dos profissionais de saúde.
A dificuldade de locomoção é comum, não só apresentando movimentos lentos, como falta de equilíbrio. Quedas estão, geralmente, associadas à Doença de Parkinson, com risco de fraturas ósseas, especialmente em idades mais avançadas.
Também frequentes, alterações cognitivas em doentes com Parkinson vêm afetadas a atenção e memória, podendo mesmo desencadear-se alterações de personalidade, assim como quadros alucinogénios.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito, principalmente, através de uma avaliação clínica, a qual é baseada, normalmente, nos sintomas motores apresentados pelo doente.
O médico (normalmente neurologista) suspeita de Parkinson quando os pacientes apresentam tremor em repouso, rigidez ou diminuição dos movimentos. Para a confirmação do diagnóstico, realiza-se um teste de coordenação dedo-nariz (o tremor atenua ou desaparece durante o teste).
Faz-se também um exame neurológico, no qual se tenta perceber se o paciente consegue, ou não, realizar com facilidade movimentos alternantes clássicos e movimentos sucessivos de forma rápida.
Outros sinais são também tidos em conta no diagnóstico, entre eles:
Falta de expressão facial
Piscar infrequente
Anormalidades ao andar
Instabilidade na postura
Em alguns casos, o médico pode testar a resposta à levodopa. Quando a resposta é sustentada e extensa, o diagnóstico de Parkinson é fortemente suportado.
Podem ser solicitados alguns exames para descartar outros problemas que possam estar a originar os sintomas, como o TAC e a ressonância magnética.
Tratamento para a Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson não tem cura, nem existe um medicamento capaz de preveni-la. No entanto, existem já vários medicamentos que ajudam a controlar e melhorar os sintomas, aumentando a qualidade de vida dos pacientes acometidos por esta doença.
A terapêutica mais usada é a levodopa, a qual se mostra muito eficaz na redução dos sintomas motores do Parkinson, especialmente na fase inicial da doença. Podem ser usados outros medicamentos, de forma isolada ou complementar, como aqueles que atrasam a degradação da dopamina ou agonistas da dopamina.
Em alguns casos, pode ser ponderada a cirurgia de estimulação cerebral profunda, mas apenas em casos avançados da doença, quando a medicação já não se mostra eficaz na melhora dos sintomas motores.
Os pacientes também são estimulados a fazer exercício e fisioterapia, de forma que melhorem a sua mobilidade e flexibilidade. Também pode ser aconselhada terapia ocupacional, fonoaudiologia e musicoterapia.
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Para pacientes em fases avançadas da doença de Parkinson, podem ser usadas outras medicações, como a apomorfina.
Como prevenir o aparecimento da doença?
A causa da doença não é conhecida e, como tal, não existe uma resposta clara sobre a prevenção do aparecimento do Parkinson. No entanto, sendo uma doença degenerativa, algumas atitudes podem ajudar, entre elas:
Fazer exercício físico regular
Ter uma alimentação saudável e equilibrada, dando primazia a alimentos orgânicos
Dormir, pelo menos, oito horas por dia
Evitar o tabagismo
O que fazer para retardar a Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson é caracterizada pela morte de células cerebrais responsáveis pela produção da dopamina. A partir do momento que o nosso organismo deixa de produzir esta substância química, somos incapazes de realizar movimentos voluntários.
Uma forma de contornar esta situação é através do medicamento Levodopa, que mencionámos anteriormente. Esta medicação converte-se em dopamina no cérebro, fazendo com que os pacientes com Parkinson se movam e levantem.
Existe ainda um estudo em andamento com uso de exanatide (medicamento para diabetes). No entanto, ainda não está comprovada a eficácia.
Manter atividades físicas, as quais incluam desafios progressivos, ajuda a retardar a doença, uma vez que ativam o gene protetor, impedindo a acumulação anormal de proteínas no cérebro.
Ao realizar atividades físicas regulares, com desafios, o paciente estimula o cérebro a produzir neurotrofina, a qual estimula os neurónios a criarem conexões, realizarem mais conexões, além de produzirem novos neurónios.
Apesar da Doença de Parkinson ser degenerativa, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes, é possível melhorar ou, pelo menos, manter os sintomas controlados usando a medicação sugerida pelo médico neurologista e seguindo uma vida ativa e saudável.